Da noite para o dia, eu tinha me transformado. De alguém cool em relação a novidades tecnológicas, me transformara em uma obcecada com a ideia fixa: "Preciso de um iPad."
Surtos consumistas são raros em mim --sei me controlar. Também nunca me encaixei naquela turma de adoradores da Apple (pedantes?). Mas foi só pegar e tocar no pequeno monólito preto e prata sem um único parafuso à vista, para perceber que eu não podia mais viver sem ele.
O iPad tornou-se indispensável para mim exatamente porque leva ao extremo a ideia de parecer desencarnado da tecnologia, tornada invisível. Você não precisa nem saber o que é software. Não precisa e nem deve imaginar os circuitos dentro. Não precisa nem do tléc-tléc da mecânica de teclas subindo e descendo.
A Apple fez tudo para que se acreditasse que o dedilhar, o toque, a coreografia de polegares e indicadores abrindo-se e fechando-se em movimento de pinça pudessem descortinar mundos desconhecidos. Conseguiu graças à tela ultrassensível que criou, mas que ninguém precisa saber como funciona.
Ninguém se preocupa, porque parece tão natural --como se sempre tivesse existido ou sido assim.
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