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sábado, 3 de dezembro de 2011

Blogueira tunisiana espelha a gênese da Primavera Árabe

sentiu a fumaça ardida do gás lacrimogêneo pairando nas ruas e viu policiais atirando em manifestantes. Assistiu a famílias chorando sobre os corpos ensanguentados dos seus entes queridos.

Dez meses atrás, a violência na Tunísia, em vez de calar Lina Ben Mhenni, a fez falar em tom mais alto e claro.

"Era perigosíssimo ser blogueira sob [o governo de Zine el Abidine] Ben Ali", disse a blogueira e ativista Ben Mhenni, 27. A rebelião popular contra o regime foi o estopim da chamada Primavera Árabe.

"É claro que eu tinha medo, mas quando eu vi gente sendo morta pela polícia eu esqueci o medo, e ele me deu força para fazer meu trabalho."


Ben Mhenni é um exemplo de como os manifestantes ajudaram a acabar com o estrangulamento do regime sobre os meios de comunicação e a acelerar a revolução que derrubou uma ditadura de 23 anos.

A blogueira, hoje professora de linguística na Universidade de Túnis, começou a escrever seu blog em 2007, ano em que sua mãe lhe doou um rim para substituir o que havia sofrido falência dois anos antes. Seis meses depois daquela cirurgia, ela competiu nos Jogos Mundiais para Transplantados. (Voltaria a competir em 2009, quando ganhou duas pratas na marcha atlética.)

No blog A Tunisian Girl (uma garota tunisiana), ela escrevia sobre censura, direitos femininos, direitos humanos e liberdade de expressão. Logo se viu em atrito com o governo, que bloqueou seu site. Usou proxies para acessar suas páginas, até que em abril de 2010, segundo ela, a polícia fez buscas na casa da sua família.

"Levaram meu computador, minhas câmeras, tudo o que era meu", disse ela.

Em 17 de dezembro de 2010, ela soube que um vendedor de frutas em Sidi Bouzid, chamado Mohamed Bouazizi, havia se imolado num protesto contra o confisco das suas mercadorias e as constantes intimidações por parte de autoridades e policiais. Ben Mhenni contou isso no blog, no Facebook e no Twitter.

Em 25 de dezembro, ela participou da uma manifestação realizada na capital após a morte de Bouazizi e colocou artigos e fotos nas mídias sociais.

No começo de janeiro, Ben Mhenni foi às cidades de Sidi Bouzid, Regueb e Kasserine, onde a reação das forças de segurança aos protestos havia sido violenta. Ela tirou fotos dos mortos e feridos e as colocou na internet.

Estava claro que os protestos não iriam parar. "O movimento social foi espontâneo", disse Ben Mhenni. "Não havia nenhum partido político. Eram só tunisianos. As pessoas estavam com raiva." Ben Ali fugiu da Tunísia em 14 de janeiro. A censura foi suspensa

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