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quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Lula critica intervenção militar na Síria e espionagem a Dilma

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou nesta quarta-feira (11) a possibilidade de uma intervenção militar na Síria e colocou em dúvida que o regime de Bashar Al-Assad tenha usado armas químicas. Ele participou de um seminário organizado pela revista "Carta Capital" para discutir o combate à fome e a situação do continente africano, em um hotel em São Paulo. Lula citou o argumento usado pelos Estados Unidos para invadir o Iraque, em 2003: encontrar armas de destruição em massa que nunca foram localizadas. "E agora dizem que a Síria tem armas químicas", afirmou. "Como vocês, eu fiquei horrorizado com aquela imagem das crianças mortas [em Damasco, capital do país]. Eu gostaria de ter passado pela terra sem ter visto aquilo. Agora, quem é que disse quem foi que fez aquilo?", questionou o ex-presidente. O petista cobrou a criação de um novo fórum de governança global e criticou a atuação da ONU na crise do Oriente Médio. "Não sei se o [secretário-geral das Nações Unidas] Ban Ki Moon já foi à Síria. Acho engraçado porque li no jornal que a ONU vai investigar armas químicas. E tinha a foto dos rebeldes. Quem é que está armando os rebeldes? Quem são os rebeldes? Eu, como sou amante da democracia, acho que esse Assad estava bem na hora de ir embora mesmo. Mas democraticamente." Lula citou a derrubada de outros ditadores da região, como o líbio Muammar Gaddafi e o egípcio Hosni Mubarak, em 2011. "Onde é que se decidiu que iria invadir a Líbia e matar o Gaddafi? Qual é o fórum?" "Se não criarmos uma governança global que possa colocar no mesmo patamar a [chanceler alemã] Angela Merkel e a presidenta Dilma em igualdade de condições para que decisões multilaterais sejam tomadas por todo o mundo, vamos ter um problema sério", disse Lula, que defendeu a criação do Estado palestino. "A mesma ONU que teve coragem de criar o Estado de Israel em 1948, por que não faz o Estado palestino? Parte dos problemas poderiam ser resolvidos se a ONU tivesse uma diplomacia forte." Sem mencionar diretamente o Conselho de Segurança das Nações Unidas, o ex-presidente afirmou que "os mesmos de 1948 continuam decidindo as coisas e nada acontece de novo". O Conselho de Segurança foi criado em 1945 e tem como membros permanentes EUA, Reino Unido, França, Rússia e China. Lula afirmou que um fórum multilateral de governança poderia contar com países como Brasil, México, Índia, Japão, Alemanha, Egito, África do Sul e Nigéria. ESPIONAGEM Lula voltou a criticar os Estados Unidos pela espionagem governamental à presidente Dilma Rousseff. Na semana passada, ele havia dito que o presidente norte-americano, Barack Obama, devia desculpas à brasileira e ao país. No evento desta quarta, o petista brincou que talvez sua própria fala no debate estivesse sendo gravada pelos EUA. "Pode por acaso o senhor Obama e seu esquema de inteligência ficar bisbilhotando as conversas da nossa presidenta? Em nome de que democracia? Qual foi o delito que a Dilma cometeu?", disse Lula. Ele ironizou também a facilidade com que os dados de estrangeiros são acessados pela Agência de Segurança Nacional dos EUA. "Daqui a pouco, [Obama] vai ter que pedir desculpas aos espiões que foram mortos, que precisavam de passaporte, passagem de avião. Agora, não. O cidadão entra numa salinha, em qualquer lugar de Nova York, e fica sabendo."

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